Método dos Blocos Alternados usando Python

Método dos Blocos Alternados usando Python

11/05/2020    

Segundo Tomaz (2010), o método dos blocos alternados é de simples aplicação, se comparado a outros métodos de determinação da chuva de projeto. O primeiro passo do método é calcular, as intensidades da chuva para cada período de tempo e tempo de retorno, cada duração gera um bloco, que pode determinar a altura da lâmina precipitada e o limite da duração crítica do evento (que é normalmente o tempo de concentração da área contribuinte). O segundo passo, que dá o nome ao método, reordena o hietograma de forma a posicionar o pico de forma centralizada. Cada bloco de chuva do hietograma é alternado no entorno do bloco do pico, à direita e à esquerda. É aconselhado que o \(\Delta\)t adotado seja menor que o tempo de concentração da bacia que está sendo estudada.

Para a vazão de projeto utilizei a equação da chuva de Fortaleza que foi desenvolvida na Universidade Federal do Ceará (UFC), em 2011, com base nos últimos trinta anos de registros pluviográficos contínuos, ou seja, de 1970 a 1999 para obter a intensidade de chuva (SILVA; JÚNIOR; CAMPOS, 2013). Deve-se considerar uma precipitação uniformemente distribuída.

Equação da chuva de Fortaleza: \begin{equation}\tag{1} \label{eq:idf-fortaleza} i = \frac{2345,29.Tr^{0,173}}{(t+28,31)^{0,904}} \end{equation}

Onde:
Tr: é o período de retorno da precipitação em anos;
i: é a intensidade média de chuva mm/h para uma duração em minutos;
t: é o tempo de duração da chuva em minutos.

O período de retorno (Tr), a duração da chuva (t) e a intensidade de chuva (i) estabelecem uma relação conhecida como curva IDF, representada por uma curva exponencial ou hiperbólica. É recomendado que cada cidade possua a sua, pois elas ajudam na determinação da vazão de projeto em obras. Na figura 1 a curva IDF de Fortaleza para vários Trs.

foto1 Figura 1: Curva IDF de Fortaleza para vários Trs

O tempo a ser utilizado deve ser maior ou igual ao tempo de concentração, pois ao ultrapassar o tempo de concentração mantendo-se a precipitação, a vazão continua constante mesmo que a duração da chuva seja maior. Porém, pode-se observar que a intensidade média da chuva e a duração são grandezas inversamente proporcionais, desse modo, a vazão diminui a partir do tempo de concentração. Para a curva da precipitação é o contrário, aumenta com o tempo. Na figura 2 a curva de precipitação de Fortaleza para vários Trs.

foto1 Figura 2: Precipitação de Fortaleza para vários Trs

Tempo de retorno é o tempo médio entre dois eventos que cause falha na obra, ou seja, a ocorrência de uma chuva ou vazão superior aquela pré-estabelecida. Para escolhê-lo devem-se fazer estudos de base econômica e financeira considerando custos e benefícios da obra, porém esses aspectos são muito limitados pois existem eventos que não podem ser medidos. Devem-se considerar também os custos de operação e manutenção da obra. Outro problema é que quanto maior o tempo de retorno, maior o porte da obra, consequentemente o seu custo, e portanto, maior a interferência no ambiente urbano causando transtornos para a população.

Vamos ao exemplo (tabela 1), foi adotado o passo de 6 minutos, tempo de duração de 60 minutos e tempo de retorno de 50 anos.

índice tempo(min) i(mm/h) p(mm) \(\Delta\)p(mm) \(\Delta\)p/t(mm/h) índice ordenado i (mm/h)
0 6.00 188.84 18.88 18.88 188.84 8.00 37.11
1 12.00 163.24 32.65 13.76 137.64 6.00 48.98
2 18.00 144.00 43.20 10.55 105.51 4.00 68.68
3 24.00 128.98 51.59 8.39 83.93 2.00 105.51
4 30.00 116.92 58.46 6.87 68.68 0.00 188.84
5 36.00 107.01 64.21 5.75 57.48 1.00 137.64
6 42.00 98.72 69.11 4.90 48.98 3.00 83.93
7 48.00 91.68 73.34 4.24 42.37 5.00 57.48
8 54.00 85.61 77.05 3.71 37.11 7.00 42.37
9 60.00 80.34 80.34 3.29 32.85 9.00 32.85

Tabela 1: Blocos alternados

As figuras 3 correspondem aos gráficos da tabela.

foto1 foto1 Figura 3: Hietograma

Fiz um vídeo (figura abaixo) explicando detalhadamente o código em python que está disponível no GitHub.


Fonte

SILVA, F. O. E. da; JÚNIOR, F. F. R. P.; CAMPOS, J. N. B. Equação de chuvas para Fortaleza-CE com dados do pluviógrafo da UFC. [S.l.]: Revista DAE. N 192, 2013.

TOMAZ, P. Curso de Manejo de águas pluviais. 2010. Acessado em 19-Novembro-2019. Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/66227801/apostila-prof-plinio-metodo-dos-blocos-alternados.